BIOGRAFIA
Lia do Rio Cardoso Costa nasceu em São Paulo e mora no Rio de Janeiro desde os dez anos de idade. Em 1958 inscreveu-se na cadeira de Pintura da Escola Nacional de Belas Artes, da UFRJ, onde se formou em 1963.
Em 1982, ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage onde permaneceu até 1985. Suas pinturas, porém, adquiriram tridimensionalidade e passaram a se assemelhar com janelas, que logo foram assumidas como material principal de suas obras. Enquanto recolhia janelas jogadas na rua, sentiu-se atraída pela riqueza e potencial de outros materiais descartados, passando a trabalhar no próprio espaço em que eram encontrados, organizando-os em formas ditadas pelo local, o que fez a escala aumentar consideravelmente. Quando convidada para exposições reciclava estas formas para dentro da galeria.
Em 1988 retornou à EAV do Parque Lage, agora no núcleo de escultura. Passou, então, a intervir diretamente na paisagem usando o manancial de folhas secas à disposição. No entanto, ao usá-las, não aponta para o material em si e sim para as questões nele contidas, tais como transformação, vida e memória. Aos poucos, emergiu da obra a atemporalidade. Aparecem, então, os trabalhos em que procura capturar o tempo.
Lia do Rio utiliza-se de uma linguagem limite entre a instalação, a intervenção e a apropriação, em uma indagação sobre a natureza do tempo, questão essa que percebeu estar contida em toda a sua trajetória. A diversidade de materiais e linguagens utilizados está relacionada a estes questionamentos. Quanto ao espaço a ser utilizado, este lhe dita o que forma nele vai ser inserido.
Paralelamente às exposições individuais e coletivas, no Brasil e exterior, exerce outras atividades ligadas à arte.
A partir de 1994, tornou-se professora de escultura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e do Centro de Arte Calouste Gulbenkian. Em 1997 participou da criação do projeto extra-oficina Momentos e do ciclo de palestras A Construção da Imagem, na EAV.
De 1999 a 2000, ajudou a criar a galeria de arte contemporânea da UNIRIO, coordenando as exposições, nas quais o expositor relacionava seu trabalho a uma área da universidade. Promoveu, também, os Encontros Com o Artista, no Salão da Reitoria.
Em 1995 concebeu, juntamente com a artista Monica Mansur, o projeto Dialeto, que resultou no livro de artistas Dialeto (1995/96) e no livro Dialeto volume II (1996/2001), apresentados, respectivamente, no Paço Imperial e no Centro de Arte Hélio Oiticica.
Em 2002 é convidada a dar aulas na Universidade Estácio de Sá, da Barra. Nesse ano co-participa da criação de dois projetos itinerantes: Em Matéria de Natureza (Rio/Paris/Berlin) e Acessoremoto (Rio/Linz: Áustria), dos quais toma parte como artista e palestrante.
Em 2003 transfere-se, com sua turma da EAV, para o Atelier Rio Comprido, onde passa a participar, juntamente com os artistas Valéria Costa Pinto, Mônica Mansur e Pedro Paulo Domingues, do grupo APARTE/Interações. Juntos fazem do local um centro de arte, com cursos especiais e galeria de arte.
Em 2004 é convidada a dar uma oficina no Instituto de Arte, na UERJ assim como na Galeria Lana Botelho. Em agosto desse ano ministra, pelo Projeto REDE Nacional/FUNARTE, Artes Visuais, uma oficina de arte em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Passa a se interessar, também, pela questão do olhar, do olhar do artista, do artista espectador, de seu tempo de olhar.
Em 2005 conclui a Pós Graduação em Arte e Filosofia, com a monografia Virtualidade e Ato de Criação e em 2007 a Pós Graduação em Filosofia Antiga, com a monografia O Tempo em Aristóteles, ambas pela PUC-Rio. Ainda em 2005, ministra a oficina O Processo Artístico, no projeto Arte no Ventilador, no Museu Imperial de Petrópolis, RJ. Desde 2006 é curadora do Projeto Borgeanas, da Rede Sirius de Bibliotecas, na UERJ. Em 2007 produz, juntamente com a artista Monica Mansur, o livro Poliálogo, concebido em 1997, resultado de troca de idéias sobre arte entre as duas artistas. Em 2003 participa da concepção do Projeto Lócus, do qual é curadora e orientadora, projeto esse que constitui em intervenções em locais específicos, de modo a experienciar diferentes espaços e linguagens. Em 2008 volta a dar aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e inicia o curso A Poética do Espaço, no museu do Ingá em Niterói. Neste mesmo ano é convidada a ser membro do júri do Primeiro Salão de Petrópolis.
Em 2010 participa da criação da galeria ÖkO Arte Contemporânea, no RJ, da qual é curadora, e para a qual idealizou, em 2013, uma nova modalidade de exposição, a que denominou Artista ao Vivo – com duração de sete dias, durante a qual o expositor usa a galeria como ateliê e recebe os visitantes no período entre a inauguração e o encerramento de uma semana intensiva. No Estúdio ÖkO Arte Contemporânea organiza, desde a sua fundação, cursos de arte e ministra um intitulado Trajetória e Avaliação. Em 2013 seu vídeo Ponto, Linha e Plano é selecionado pelo edital Fase10 – Trocas Contemporâneas – Interações Artísticas Regionais, segmento 2, da Funarte, para apresentação na web.
Em 2015, é a palestrante da VII edição, do Seminário Permanente, O que podemos com a arte?, no Auditório da Escola de Belas Artes, da UFRJ, a que nomeou Tempo em Suspensão. É também palestrante, com o tema A Arte e o Artista, na Universidade Federal de Juiz de Fora, e participante do Simpósio de Encerramento da Bienal do Mercosul, Porto Alegre. RGS. Nesse ano é lançado seu livro Lia do Rio: Sobre a Natureza do Tempo, pela Editora Fase 10, na livraria da Travessa, RJ, e na Livraria da Vila, SP, com divulgação no Canal Curta. Um capítulo de outro livro The Environmental Imaginary in Brasilien Poetry and Art, de autoria de Malcolm K. McNee (Asst. Professor of Portuguese and Brazilian Studies, Dept. of Spanish and Portuguese, Hatfield Hall 308, Smith College, Northampton, MA, 01063, USA) é dedicado a sua obra.
Em 2016, participa da G20-International Art Peak Exchange Exhibition of 2016, e seu trabalho, No Deserto Existem Folhas, permanece no acervo do Hangzhou Qianjiang International Art Museum of China. Em 2017, da Trio Bienal de Esculturas, no Jardim Botânico, RJ. Ainda nesse ano, é homenageada durante a exposição Galeria Transparente Update, por sua carreira como artista, curadora e orientadora. Em 2018 é restaurada e reinaugurada sua obra Aion (land art), situada na Floresta da Tijuca, que se constitui em um patrimônio da cidade, e passou a ser um ponto turístico.
Recentemente, seu processo volta-se para o Tempo Futuro, um tempo que ela percebe já estar no presente, e do qual muitos não se dão conta, alheios que estão, as mudanças civilizatórias estabelecidas. Chama-lhe particularmente a atenção a preocupação humana na busca por planetas habitáveis, questão esta que já aparece em sua exposição Sobre a Natureza do Tempo, realizada no Oi Futuro Ipanema (2015). Em 2019, inaugura a individual Tempo em Suspensão no Museu Nacional da República, Brasília, DF, cujo acervo acolhe três obras suas, sendo uma delas uma instalação.
Em 2020, passa a dar cursos de arte online e participa da exposição Arte na Espreita e na Espera… Poéticas na Quarentena, com curadoria de Bené Fonteles.